terça-feira, 28 de julho de 2009

Os Benefícios da Tristeza

As vezes sinto vontade de ficar triste, taciturna, acabrunhada. Isso mesmo... sinto uma necessidade imensa de ficar extremamente triste. Vontade de relembrar as agruras pelas quais já passei, de chorar pelos que já se foram, de pensar na dores, nos amores, nos dissabores... Me perdoem pela veemência, mas sinto que a tristeza é um excelente combustível para a criação, para a meditação e para a reflexão. É na tristeza que conseguimos ver aquilo que a alegria insiste em mascarar. Muitas vezes, na hora da euforia, não conseguimos ver a falta de sinceridade das pessoas. Não estou falando de raiva e nem de depressão, simplesmente daquela tristeza que nos deixa ligeiramente “abatidos” e com o olhar “perdido” no vazio. Infelizmente as pessoas não conseguem ver a tristeza com naturalidade e acabam crendo que é um sentimento negativo, que demonstra fragilidade ou que expõe a personalidade. Tem pessoas que por estarem insatisfeitas com algo, sentem-se tristes, mesmo não tendo uma concepção clara do que é tristeza. Olham o passado e sempre pensam que poderiam ter aproveitado melhor o que a vida lhes ofereceu e por isso sentem-se frustradas e fracassadas. Talvez se tivessem um olhar observador sobre a situação, usariam essa melancolia e essa tristeza toda como estímulo à mudança, ao novo e ao desejo de fazer uma história diferente a partir desse ponto. A maioria dos problemas que nos entristecem na fase adulta tem início na infância, quando temos dificuldade em lidar com o “não” e quando somos induzidos automaticamente ao egoísmo, mas que, se ao passar dos anos se nos descobrimos solidários ou envolvidos em atos voluntários de doação por puro amor, preenchemos essa lacuna que pode ser um “vácuo de personalidade”, caso não, a tristeza ocupa essa brecha e nos desmotiva a buscar qualquer outro valor. Eu, por exemplo, acho que nasci voluntária, mas somente agora estou aprendendo a conviver com os “nãos”, com as adversidades e com as desilusões da vida. Olho tudo isso com um pouco mais de serenidade, principalmente quando estou triste. Hoje, vejo a tristeza também como um sentimento que nos impede de grandes besteiras. Observe que os maiores desatinos são cometidos em momentos de raiva, ira, e ódio e são movidos por inveja, vingança, e cobiça. Veja bem que nesses sentimentos não está incluída a tristeza. Por isso tenho um pedido a fazer aos amigos: quando me verem alegre ao extremo, desatinadamente feliz e esfuziante, me chamem no canto e me digam: Lu, TRISTE! Me chamem à realidade, me lembrem dessa crônica. Percebo que quando estamos alegres demais, falamos o que não devemos, agimos sem pensar e fatalmente nos arrependemos depois. Se demasiadamente felizes e alegres, ficamos como embriagados e somos levianos. Ficamos muito leves, mas também muito loucos. Quero menos dessa loucura. Quero ser insana sim, mas não em tempo integral e por fim, quero ter comigo os benefícios da tristeza. Beijos da Feia triste feliz!

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