quinta-feira, 9 de julho de 2009

Bendita Solidão


Quando as pessoas me perguntam se moro sozinha e respondo que sim, vejo nos olhos da maioria delas um misto de espanto e não raras rezes de pena. Algumas me perguntam se eu não acho ruim, ao que respondo que: sinto muito a falta da minha família, principalmente dos “homens da minha vida”, mas que não sou infeliz por morar sozinha. Vejo a solidão hoje, com a mesma naturalidade com que vejo a morte, ou seja, é algo que não me assusta e que nós enquanto seres humanos precisamos aceitar com tranquilidade a existência de ambas e mais não podemos fazer a não ser aprender a lidar com as tristezas e dissabores que elas trazem. Antigamente, quando criança e adolescente, eu tinha um verdadeiro pavor da morte, assim como a maioria dos mortais e instintivamente, tinha medo da solidão também. Com o passar dos anos, "caímos na real" de que a morte é realmente inevitável: uma realidade. E que a solidão também é inevitável. Em determinado momento da vida, vamos ficar sós. Não podemos precisar se por instantes, dias, anos..., mas que a solidão é uma certeza assim como a morte, isso é. Não estou sendo pessimista. Estou sendo apenas realista quanto ao fato de se estar só. Felizmente, aprendi que quando se chega a determinada altura da vida, descobre-se que é possível fazer muitas coisas só e nem por isso se sentir solitária. Eu por exemplo, descobri que posso ser uma ótima companhia a mim mesma. Gosto de estar com gente, mas também gosto de estar sozinha. Gosto de ter meu espaço, minhas coisas, ouvir minhas músicas preferidas no volume que me apraz, de ler meus livros e quando quero, recitar os trechos interessantes em voz alta. Se estou só, posso chorar copiosamente assistindo filmes ou gargalhar ruidosamente lendo piadas. Posso pensar em voz alta. Dormir com a TV ligada ou ouvindo música, com a luz acesa ou em completo breu... Hoje não vejo problema nenhum em entrar em um restaurante e almoçar ou jantar sozinha e olha que sou capaz de fazer isso com tanta naturalidade que sequer me importa a possibilidade de alguém pensar: Nossa! Como é triste a pessoa que nem tem com quem “comer”. Só em pensar nisso, sinto vontade de rir. Você que me lê, sabe que sou uma pândega incorrigível! Se as pessoas pudessem imaginar o quanto aproveito o meu tempo de “solidão”, ficariam pasmas ao ver que, mesmo “sozinha”, faço mais coisas do que elas “acompanhadas”. Resumindo: Solidão é um estado de espírito: Pode-se estar sozinha e sentir-se completa e pode-se estar acompanhada por um ou um milhão e sentir um vazio, um buraco negro na alma. Experimente saborear a solidão. Mas não a olhe com maus olhos! Pense nela com doçura e generosidade, pois o que você imagina que hoje pode ser muito ruim, amanhã pode vir a ser, como é pra mim, uma Bendita Solidão.

Um comentário:

Unknown disse...

Amei essa crônica....me sinto assim...e é adorável pode aprender a comer sozinha no restaurante..rs..amo vc Lú.