terça-feira, 7 de junho de 2011

...estar “vivo” requer coragem. Requer uma série de sacrifícios.


Não é segredo para ninguém que estive muito doente e por um longo tempo. Até hoje não entendi muito bem o que aconteceu comigo, acho que nem os médicos que me acompanharam poderiam explicar com exatidão o que houve. De repente, como num passe de mágica às avessas, tudo começou a dar errado para mim. Os sintomas físicos apareciam e olha que não eram poucos. As vezes se via uma coisa ou outra nos exames, mas na maioria das vezes, era como se eu não tivesse nada. Na verdade, tive uma sucessão de males, o que culminou com um estado doentio grave. Era como um efeito dominó: uma coisa trazia outra. Foram meses e meses de tratamentos com ortopedista, reumatologista, fisioterapeuta, psiquiatra, psicólogo e sabe Deus mais o que! Não tenho idéia de quanto gastei com medicamentos. Resumindo em rápidas pinceladas: Foi uma barra para mim e para minha família. Comecei o processo de recuperação com o passo mais importante: a vontade de ficar curada. Eu sabia que todo o mal era oriundo do estado emocional abalado, afinal, eu havia acabado de sair de uma grave crise que acabou abalando todas as estruturas em todos os aspectos da minha vida. Além do corpo doentio eu tinha uma alma fragilizada que juntos, me causaram depressão, angústia, ansiedade e muitas outras coisas, que eu nem sabia o nome. Eu estava “chata” e insuportável e confesso que muitas vezes, nem eu mesma me suportava. Não passava um dia sequer sem que eu sentisse muita dor. As dores se resumiam em fracas e fortes, mas eram constantes e eu acho que só não doía meu cabelo. Com o tempo, comecei a perceber que as pessoas estavam se afastando de mim e que não tinham mais a mesma paciência. Hoje juro que entendo que é muito difícil conviver com uma pessoa que fala em doença o tempo todo, que reclama incessantemente e que tem uma carência exacerbada 24 horas por dia. Pois eu estava assim! Só sabia falar sobre mim e sobre o que eu sentia. Um dia me toquei... comecei a analisar a situação e tomar consciência que, ou eu revertia a situação ou eu iria acabar completamente e "rabujentamente" só. Creio que no auge dos meus tormentos eu não queria me tratar, talvez o papel de “coitadinha” me caísse “bem”. Coisas de uma mente doente. Quando vi o fundo do fundo do poço, resolvi colocar um ponto final em tudo. Aceitei iniciar o tratamento e dar uma guinada na minha vida. Eu sabia que ficar curada me traria responsabilidades, me colocaria novamente no mundo dos “vivos” e estar “vivo” requer coragem. Requer uma série de sacrifícios. Libertar-se para mim queria dizer: voltar a ter independência! Eu sei que algumas pessoas que passam pelo que eu passei não querem essa "cura". Muitas preferem passar o resto das suas vidas deprimidas, emergidas em um mundo de lamentações e murmurações. Não é fácil sair do “buraco” sozinha! Fui ajudada por pessoas que me amam e que ficaram ao meu lado e graças ao carinho e apoio delas eu pude “dar a volta por cima”. Faço absoluta questão de continuar com esse papo na próxima postagem... Tenho certeza que existem muitas pessoas enfrentando a “barra” que eu enfrentei e que talvez estejam na dúvida entre a cura e o comodismo. Beijos da Feia, hoje, feliz.

Um comentário:

LOYRA*SP disse...

Eita.. eu não sabia dessa fase não, por isso vc sumiu geral??? Eu sei sim como é a situação, infelizmente o "falso comodismo" nos traz tudo falso; até algumas doenças, né? Mas temos que tomar cuidado, pois algumas delas (doenças) passam a ser reais. Que bom que voce já está bem. Me escreve, tá?? Beijo.
LOYRA