segunda-feira, 5 de julho de 2010

E SE EU MATASSE ALGUÉM?

Nossa! Que pergunta mais “estrambólica”. Não é? É. Mas a idéia é essa mesma. Fiquei pensando muito na questão das amizades sinceras e nas pessoas com as quais podemos contar nos momentos mais difíceis das nossas vidas. Não achei nenhum exemplo melhor do que esse. Vejamos: Quando ficamos doentes, muitas pessoas nos auxiliam: amigos, vizinhos, parentes, “aderentes”, conhecidos e até estranhos. Quando precisamos de dinheiro, sempre tem um parente mais abastado ou um amigo “bonzinho” e generoso que pode nos socorrer, sem contar que temos a opção mais simplificada de “socorro” que são os empréstimos, consignados e afins. Quando o assunto é coração partido, sempre tem um ombro amigo pronto para ouvir as lamentações e dar aqueles “valiosos” conselhos, sempre com prestimosos lenços para secar as lágrimas que nesses casos, teimam em cair. Mas e se você, por qualquer motivo pelo qual não entraremos no mérito, matasse alguém, com quem poderia contar? Fiquei imaginando aquele primeiro impacto da notícia. Quantas pessoas seriam capazes de perguntar como você está mesmo antes de perguntar porque você fez o que fez? Quantas seriam capazes de pensar na sua inocência mesmo antes de saber os detalhes do fato? Quantos iriam te acompanhar na delegacia, enfrentar a mídia, te visitar no presídio por anos a fio? Sem contar que, no início, quando acontece uma tragédia dessas, muitas pessoas aparecem para prestar solidariedade, no início, visitam, apóiam, conversam, mas com o passar dos dias, das semanas e dos meses, tudo vai caindo no esquecimento. A vida continua, pelo menos para eles. Fiz essa pergunta para vários colegas, um deles, o *Setúbal, disse que contaria apenas com três pessoas: seu pai, sua mãe e sua noiva *Adele. Não contente com a resposta inquiri: Será que sua noiva esperaria durante dez longos anos por você? Será que ela se satisfaria apenas com as visitas íntimas regulamentares? Ele titubeou. Balançou a cabeça. Senti que ele ficou com a “pulga atrás da orelha”. *Janete, outra colega, disse que apenas sua mãe seria capaz de aguentar um “calvário” desses. Foi categórica ao afirmar que seu companheiro *Oscar, certamente não iria nem apoiá-la nem esperá-la. *Marílis, minha amiga, disse que analisaria cuidadosamente a situação, que antes iria avaliar em que circunstâncias tudo ocorrera, mas que de antemão adianta: só faria isso pelos filhos. Mais ninguém. Eu, por minha vez tenho certeza que poderia contar em absoluto com três pessoas: meu filho mais velho, não que eu não confie nos outros, simplesmente por uma questão de idade, de maturidade, com meu irmão caçula, o Lúcio e com o meu marido, que, pelo que conheço, tenho certeza que, além de me apoiar incondicionalmente, me esperaria nem que eu passasse mais de vinte anos na prisão. Não vou incluir mus pais porque eles já estão idosos e como eles têm uma visão diferente da vida, não sei como encarariam o fato da filha ter “ceifado” uma vida. Tenho certeza que receberia apoio irrestrito também, surpreendam-se, da minha sogra. Isso mesmo. Além dela me visitar quantas vezes a distância permitisse, sei que me sustentaria em orações e me escreveria incontáveis cartas de próprio punho, como se fazia antigamente, ato que infelizmente, foi quase suprimido das nossas vidas com o advento do computador. Na questão dos filhos, tem um outro porém: com o passar dos anos, cada qual vai buscar seus horizontes, cuidar da mulher, da sua prole...e pronto! Sei que essa é uma postagem polêmica e bastante questionável, mas vale como uma reflexão, como um “pit stop” na vida atribulada que levamos para pensar nas pessoas que nos amam verdadeiramente. Serve para darmos valor nas suas existências e principalmente para olharmos a situação por outro prisma: E se alguém que julgamos amar matasse alguém? Para quem seríamos um porto seguro e por quanto tempo? Por quem estaríamos dispostos a sacrificar nosso domingo, nosso lazer, nosso “arzinho refrigerado”, nosso churrasquinho com amigos para “encarar” uma cadeia fétida para cumprir o ritual da visita? Entraríamos no presídio de cabeça erguida? Nos sujeitaríamos com naturalidade às revistas indiscrestas? Faríamos isso por anos e anos sem reclamar? Sem lamuriar? Seríamos capazes de esperar nosso amor por 10, 15 ou 20 intermináveis anos? Perguntas. Respostas. Dúvidas. Certezas. Incertezas. Ponto Final.


* Os nomes verdadeiros foram substituídos por fictícios para preservar a identidade dos colaboradores.

10 comentários:

Ana Maria disse...

Lu até chorei. Fiquei imaginando em quem confiaria assim e mais que isso, será que alguém confiaria em mim para algo tão grande?
Te adoro.

Carla Manhãs disse...

De onde você tira essas idéias? Adorei a comparação e passei a manhã toda pensando no assunto. Beijos

Anônimo disse...

Tenho certeza que não poderia contar com ninguém. Nem amigos, nbem parentes nem estranhos, então, não faria nada por ninguém também.
Jorge F.

Eduarda DUDA Feitosa disse...

Luluzinha, conversei com minhas amigas de escola sobre sua postagem, fizemos inclusive uma discussão em sala sobre o assunto. Parabéns. Amo seus textos. Você ganhou mais 5 novas leitoras.
DUDA

Anônimo disse...

Por mimvc apodreceria na cadeia, Não te conheço e quero mais que vc se dane.
CRF

Deusalina disse...

Como tem gente ignorante e como vc mesma diz, mal amada! Se vc lesse mais o blog da feia e fizesse o que ela diz, iria cuidar da sua vida ao invés de incomodar os outros. Lu, tô contigo e não abro. Beijooossss
Deusalina

Alex Sato disse...

Você é fantástica. Você consegue colocar no "papel" exatamente o que eu penso. Abraços
Alex

Sandra disse...

Porque vc mataria alguém? mataria? acho que vc pensou em algo muito trágico, não? Acho que o amor pode ser definido com exemplos mais simples.Não preciso me imaginar cometendo um assassinato para saber quem gosta mesmo de mim. Respeito seu ponto de vista, afinal, sou sua leitora. Bjx

Andre Figueira disse...

Lu, será que os parentes do Bruno vão ficar ao lado dele mesmo ele tendo feito o que fez? Será que a mãe dele vai fazer tudo o que vc escreveu? é disso que vc fala? Bj

Anônimo disse...

Pois é feinha...
Levando pelo lado espiritual voce estaria fu se matasse alguem; acredito que mesmo que fosse acidentalmente, seu "espírito" não teria mais paz.
De nada adiantaria as "ajudas" de seus parentes, amigos e simpatizantes.
Assim que voltasse a "estar sozinha", iria se alimentar de desespero e dúvidas.
pidonho