sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TENHO UM GUARDA-CHUVA

Olá povo!
A postagem de hoje é do meu amigo Sebastião Grégio. Adorei a leveza do texto, mesmo com o entremeio de problemas, venturas e desventuras do personagem, das quais a maior e a mais sofrida, na minha opinião, é justamente a situação do seu time no campeonato, já que é um fato que independe da sua vontade e diante do qual, decididamente, não pode fazer nada, a não ser esperar o próximo campeonato. Que nem eu...*risos*
Quanto ao resto, tudo se ajeita. Né?
 


Tenho um guarda-chuva (Sebastião Grégio)
 
_ “Sacripanta, demagogo!”
Foi sacudido por uma chuva de adjetivos que julgava não tê-los.
A imagem da TV, onde assistia ao jogo de futebol de seu time preferido desapareceu de suas vistas.
Ajeitou-se no sofá e ficou ouvindo a patroa despejar a enxurrada de mágoas que guardara depois de tanto tempo juntos. Ela foi desfilando seu rosário de histórias do antes e do depois de conhecê-lo, entremeada, ora por raiva, ora por elogios.
Tempestade e bonança ao mesmo tempo.
Minutos intermináveis para quem ouvia surpreso uma realidade que achava não ser aquela, seguramente não era sua história.
Raios e trovões...
Vá lá entender o gênero humano, esse animal tão (ir)racional, quando quer mudar o tempo.
Sua vida iria dar uma guinada radical.
Desempregado e descasado ao mesmo tempo. Céu e inferno ou o contrário.
Recomeçar na sua idade poderia ser chuva de granizo em canteiro de hortaliças.
E a patroa ali, na frente da TV, despejando seu discurso interminável qual chuva de verão.
Assim como iniciou, terminou. Chispou da sala deixando uma névoa de preocupações no atônito marido.
Recomeçar...
Por onde? Numa idade em que a maioria já está procurando a instabilidade de uma aposentadoria e a pseudo tranqüilidade da terceira (argh!) idade, ele iria recomeçar.
Procurou absorver o impacto do meteorito vociferante.
Olhou para além do jogo que passava. Havia nuvens no céu que anunciavam um sol regenerador.
O tempo se encarregaria das cicatrizes. Podiam até demorar, mas ele tinha a certeza da bonança futura.
Afinal a chuva tempera suor e lágrimas e também a terra para as novas sementes germinarem. E viriam flores multicoloridas e sorridentes.
Sabia dos erros de sua vida, mas sua retidão de caráter, seu amor aos filhos e tudo ao seu redor, não podiam ser avaliados por uma descarga intempestiva.
O tempo se encarregaria de mostrar suas razões.
Olhou para seu guarda-chuva dependurado e disse a si mesmo, com firmeza:
_ “Amanhã recomeço!”
Na TV, final da partida. Seu time perdera o jogo e o campeonato.

5 comentários:

Ana Maria disse...

Se o texto está aqui é porque foi aprovado pela Feia. Aprovei também. Muito bom.

Linda disse...

Adorei! Tomara que ele apareça mais vezes por aqui... Desde que você não pare de postar, claro... hehehehe
Bj

Anônimo disse...

Que mulher chata! Que vida chata a que ele vivia. Quem sabe agora pegue seu guarda-chuva e vá aproveitar um dia de sol.
Beijos feiosinha

Anônimo disse...

;-)
BOM

Luis Roberto disse...

Olha feiosinha, já passei pelo recomeço do personagem. Sofri, mas consegui me recompor. Hoje nem preciso mais de guarda-chuva. Danço embaixo de água e de sol. Estou feliz!
Luis Roberto - SP