terça-feira, 30 de setembro de 2008

Versos

Puro Fogo - 2006 - Lu de Oliveira
Hoje estava passeando por entre as poesias e lembrei-me dos versos de Augusto dos Anjos, não por acaso, pensei na falsidade que nos cerca, nas pessoas que nos afagam e quando menos esperamos, nos apunhalam...


Rejeito tal beijo... declino desses afagos! E a única coisa que posso fazer é pedir ao Criador que mantenha afastadas de mim tais pessoas. Não quero essas amizades, prefiro ser só, prefiro não ir à festas, não estar em reuniões, não ser lembrada, que já é pedir demais, porque sempre somos lembrados pelo que deixamos de fazer, ou se nos destacamos. Somos lembrados mais por pessoas invejosas, do que por pessoas que dizem serem nossos amigos. E por incrível que pareça, os "amigos" nunca nos defendem quando somos massacrados pelas línguas ferinas... Quantas e quantas vezes já fui elogiada por alguém e depois fiquei sabendo que essa mesma pessoa me criticou no exato ponto em que me elogiou. Se fôssemos levar em conta as maldades do ser humano, dificilmente viveríamos momentos felizes... seríamos um poço de amargura e depressão. Tenho meus dias de "poço", por que?? Porque é difícil entender que a mesma mão que afaga é a que apedreja!








Versos Íntimos






Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.


Somente a Ingratidão - esta pantera -


Foi tua companheira inseparável!




Acostuma-te à lama que te espera!


O Homem, que, nesta terra miserável,


Mora, entre feras, sente inevitável


Necessidade de também ser fera.




Toma um fósforo. Acende teu cigarro!


O beijo, amigo, é a véspera do escarro,


A mão que afaga é a mesma que apedreja.




Se a alguém causa inda pena a tua chaga,


Apedreja essa mão vil que te afaga,


Escarra nessa boca que te beija!




Augusto dos Anjos

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