domingo, 6 de novembro de 2011

Meus mortos estão vivos!!


Esperei passar o dia de finados para escrever sobre os meus mortos. Nunca liguei a lembrança deles ao dia convencionado para isso. Acho meio estranho que as pessoas visitem e cuidem do cemitério apenas uma vez no ano, mais estranho ainda que algumas pessoas se lembrem dos seus antepassados apenas um dia. Meus mortos estão vivos. Não consigo me lembrar, ou pensar neles mortos, deitados em um caixão e enterrados para sempre. Minha cunhada e amiga Regina partiu cedo, com 38 anos. Até hoje lembro do sorriso dela, do seu jeito delicado, da sua maneira carinhosa de tratar meus filhos e da maneira como ela me protegia quando eu era menina. Sua amizade deixou uma lacuna que nunca foi preenchida por ninguém! A Dione, que era minha vizinha e amiga, pessoa generosa, doce, sincera, excelente mãe, dona de casa exemplar e um ser humano digno de ser chamada de especial. Distribuía bens materiais e espirituais na mesma proporção. Sua missão era fazer o bem e ela cumpria muito bem sua jornada. Jhony, meu amigo de adolescência e juventude, era  um músico feliz, encantador e pacificador. Espalhava alegria e amor por onde passava. A Jerônima, Jê, como era conhecida era espontânea, feliz, vivia todos os momentos intensamente, como se a morte não existisse. Ainda tenho na lembrança o sorriso doce da minha tia Clara, segunda mulher do meu avô, ela não gostava que a chamasse de “vó”, ela nunca tivera filhos e às vezes parecia ranzinza, mas eu sei, no fundo do meu coração que ela gostava de mim. Meu avô, partiu sem que eu pudesse dizer que o amava, infelizmente, não convivi muito com ele, mas o pouco foi marcante e inesquecível. É assim que me lembro dos meus mortos, vivos. Cada um com suas qualidades e defeitos mas que certamente foram importantes para mim, deixaram saudades e momentos especiais, únicos. Luciana, D. Zulmira, “seu” Ivo, Tãozinho, Vivi, Conceição e tantos outros que já nos deixaram... obrigada por terem existido e terem deixado suas marcas indeléveis na minha vida. Sempre que lembro de todos vocês, os relaciono com momentos felizes da minha existência e sei que, se não lhes fiz bem, também não lhes causei mal. Isso me conforta. Pior que a saudade, é o remorso. Então... no dia dos “mortos”, não fiz nada... Não fui ao cemitério, não fiz iluminação nem acendi velas. Não comprei flores e nem chorei. Lembro-me dos meus queridos sempre. Consigo recordar como eles eram, seus sorrisos, seus gestos e os carinho que tinham por mim. Eles estão para sempre vivos na minha cabeça e no meu coração. Deus sabe o quanto eu os amo! Beijos da Feia.

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